Apneia do sono: quando parar de respirar à noite afeta o coração

Apneia do sono: quando parar de respirar à noite afeta o coração

Você sabia que mais de 70% das pessoas com problemas no coração também podem ter apneia obstrutiva do sono (AOS) e nem desconfiam?

A apneia do sono é uma condição em que a pessoa para de respirar por alguns segundos durante o sono — isso pode acontecer dezenas ou até centenas de vezes por noite. Esses episódios de “pausa na respiração” costumam ser causados pelo fechamento parcial ou completo da garganta durante o sono. E o resultado? O corpo sofre com queda do oxigênio (hipoxemia), sono fragmentado e acordadas breves e inconscientes.

Além do cansaço no dia seguinte e da sensação de sono não reparador, esses eventos causam um verdadeiro estresse no organismo, aumentando o risco de pressão alta (hipertensão), infarto, arritmias cardíacas e até derrame cerebral (AVC).

Por que a apneia do sono faz mal ao coração?

Durante a noite, quando o oxigênio cai por conta da apneia, o corpo reage como se estivesse em perigo: o sistema nervoso ativa o estado de “alerta”, libera substâncias inflamatórias e aumenta a pressão arterial. Isso sobrecarrega o coração e pode piorar doenças já existentes como:

como é feito o diagnóstico?

Sinais de alerta:

  • Roncos altos e frequentes
  • Paradas respiratórias percebidas por terceiros
  • Falta de ar à noite ou engasgos durante o sono
  • Sono agitado e sensação de cansaço ao acordar
  • Sonolência durante o dia
  • Dificuldade de concentração e irritabilidade

A polissonografia é um exame completo que avalia como está a qualidade do seu sono. É o principal teste usado para diagnosticar problemas como a apneia obstrutiva do sono (AOS) — aquela condição em que a pessoa ronca muito e para de respirar por alguns segundos várias vezes durante a noite.

Esse exame é feito normalmente em uma clínica ou laboratório do sono, onde o paciente passa a noite dormindo enquanto diversos sensores monitoram o corpo. Durante a polissonografia, são avaliados:

  • A atividade do cérebro (para ver se a pessoa está dormindo profundamente ou não)
  • Os movimentos dos olhos
  • Os músculos, especialmente da mandíbula e pernas
  • A respiração (fluxo de ar e esforço para respirar)
  • A quantidade de oxigênio no sangue
  • A frequência cardíaca

Quanto tempo precisa dormir para o exame valer?

Embora o ideal seja dormir uma noite inteira, estudos mostram que até 2 horas de sono já podem ser suficientes para diagnosticar casos graves de apneia do sono, especialmente se a pessoa tiver mais de 30 pausas respiratórias por hora. Mas, quanto mais tempo de sono for registrado, melhor a qualidade do exame.

O que o exame mostra?

Um dos dados mais importantes da polissonografia é o índice de apneia-hipopneia (IAH), que indica quantas vezes por hora a pessoa para de respirar (total ou parcialmente) durante o sono. Esse índice é essencial para saber se a apneia é leve, moderada ou grave.

Além disso, o exame também mostra:

  • Como está o “mapa do sono” (quanto tempo a pessoa passou em cada fase do sono, como o sono REM)
  • Se o sono está sendo profundo e reparador ou interrompido
  • Se há queda de oxigênio durante a noite, o que pode afetar o coração

Por que isso é importante?

A apneia do sono não tratada pode aumentar o risco de pressão alta, arritmias, infarto e derrame. Com a polissonografia, é possível não só confirmar o diagnóstico, mas também definir o melhor tratamento — como o uso do aparelho CPAP, que mantém as vias aéreas abertas e melhora a oxigenação durante o sono.

Existe tratamento?

Sim. O tratamento mais eficaz para os casos moderados e graves é o uso de um aparelho chamado CPAP, que envia uma pressão de ar contínua para manter as vias aéreas abertas durante o sono. Com ele, o paciente volta a dormir bem, e o risco de complicações cardiovasculares pode diminuir.

No entanto, mesmo com o CPAP, os estudos ainda não mostraram de forma conclusiva se esse tratamento previne infartos ou AVCs em todos os pacientes. Ainda assim, melhorar a qualidade do sono e controlar os sintomas pode fazer uma grande diferença na qualidade de vida.

Conclusão

A apneia obstrutiva do sono é muito mais do que ronco. É uma condição séria, que prejudica o coração e pode ser silenciosa. Se você tem pressão alta difícil de controlar, arritmias ou já teve infarto ou AVC, conversar com seu médico sobre a apneia do sono pode ser um passo essencial.

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